13 dezembro 2011

NEPOTISMO ECLESIÁSTICO




Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. Originalmente a palavra aplicava-se exclusivamente ao âmbito das relações do papa com seus parentes, mas atualmente é utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no funcionalismo público. Distingue-se do favoritismo simples, que não implica relações familiares com o favorecido. Prática tão nefasta no serviço público que vem ganhando contornos de espiritualidade no meio cristão. Observo cada vez mais pastores praticando o nepotismo descaradamente. Fazem do ministério um meio de empregar seus filhos e parentes mais próximos. Vejo que o ministério pastoral virou um meio não um ideal de vida. Para tentar ter domínio sobre uma igreja consagra-se grande número de parentes e sem o menor constrangimento. Filhos de pastores que nunca souberam o que é trabalhar por uma hora sequer são consagrados a pastores para suceder seus pais quando estes deixarem o ministério. Muitas vezes filhos de pastores que possuem um passado conturbado, profano que precisa ser escondido de qualquer maneira, assumem púlpitos com ares de santidade e vasto conhecimento. Assumem igrejas de portes razoáveis e dizem que Deus os chamou para o ministério. Irmãos, sobrinhos, genros e o que mais aparecer assumem a liderança da obra de Deus sem ao menos terem sido provados pela vida, igreja e por Deus. Se as igrejas fossem consultadas sobre tais consagrações nunca teriam aprovado tais atos. Muitos consagram seus filhos e parentes ao ministério pastoral como se fosse um negócio que passasse de pai para filho. Tratam a sucessão pastoral como se fosse coisa hereditária. Isso não é dinastia onde os sucessores pertencem à mesma família. Tenho visto pastores chegando ao fim de suas vidas como Eli chegou ao fim da sua. Filhos que levam o povo de Deus ao erro e ao escândalo são alçados às lideranças e os pais com medo de submeterem a Deus a sucessão pastoral, usam do poder que lhes foi conferido para calar a voz da comunidade e da Bíblia. Sujeitam o povo de Deus a lideranças descaracterizadas e rudes e se esquecem que o Senhor é o Sumo Pastor. Não sou contra filho de pastor receber chamado ministerial. Sou contra essa tendência pernóstica que infiltrou no seio da igreja. Tal filho tendo um chamado ministerial que curse uma universidade, depois faça um mestrado e em seguida uma boa faculdade teológica. Que preencha os requisitos de I Timóteo e Tito, que não seja neófito, quem goze de bom testemunho dos de fora e a igreja local, em sua maioria, reconheça tal chamado. Anos atrás encontrei um pastor que havia cursado comigo o mesmo seminário. Ele me disse que havia insistido com seu filho para estudar e trabalhar, mas que o rapaz se recusava. Como última alternativa ele disse para o rapaz: “então vá ser pastor”. Logo em seguida me perguntou o que eu achava disso. Eu lhe respondi do jeito que a coisa veio: “Seu filho é tão desqualificado quanto você. Tal pai tal filho”. Virou mania no meio evangélico pastores dizer que existe uma unção especial sobre filhos de pastor. Outro dia, em uma reunião da ordem de pastores que freqüento, um pastor disse que Deus lhe havia dado uma revelação que todo filho de pastor era pastor. Nunca ouvi tal atrocidade como aquela. Revelações esdrúxulas e carnais como estas somente atrapalham o meio cristão. Tais revelações passam por cima da Revelação da Palavra. Filho de pastor que não for alcançado pela graça de Deus perecerá como perece o ímpio. Alguém já disse no passado: “Deus não tem netos, somente filhos”. Mas que o Senhor se apiede de nós pastores e nos dê a graça de conduzir nossos filhos ao pleno conhecimento de Cristo. Que a igreja possa se submeter ao soberano Senhor e aceitar suas decisões. Que nós pastores sejamos mais fieis no trato das coisas de Deus. Em Cristo que não faz acepção de pessoas.

Soli Deo Glória

Pr. Luiz Fernando R. de Souza

17 comentários:

  1. Pastor Luiz Fernando,

    Lembro desse seu comentário sobre Nepotismo Eclesiástico (assim como de outros) constantemente. São colocações desse tipo que me fazem tê-lo como alguém importante em uma fase de minha formação (espero que não tanto "deformação") cristã. Fica o meu agradecimento e a seguinte pergunta: posso reproduzir esse texto em meu blog (dando-lhe o crédito, claro)?

    Acho que será o primeiro texto de outro blog que reproduzirei no meu, mas acontece que se eu fosse escrever algo sobre o tema, e acho mesmo necessário falar sobre isso, eu acabaria plagiando seu texto, pois suas colocações estão enraizadas em meus neurônios, estando já também meio que confundidas entre pensamentos meus.
    Bem, o anonimato teve que dar lugar ao nome, pela necessidade do pergunta.

    Então,

    Abraço já não anônimo, mas ainda e sempre sincero.

    Cesar

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  2. Luiz, meu querido!

    Vai ter muito colega aí nervoso depois destas boas e sábias palavras. Muito pastor ai colocando no caixa das igrejas as despesas dos filhos e do casamento dos mesmos, dos divorcios deles e das reformas das casas deles , achando que a igreja é seu negócio e que nele ele manda e faz o que quer. Mas o prumo de DEUS não tarda e passa colocando tudo no seu devido lugar! hoje está cheio disso nas igrejas com tristimunhos cada vez mais nebulosos vindo dos Pais Pastores e de seus filhos e filhas! Sinal do fim dos tempos, 2ª timoteo ja diz tudo.....
    Mais uma vez, muito proveitosa essa leitura!

    DEUS te abençoe!

    Guilherme Herrera

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  3. Meu prezado ex-anônimo irmão César,
    o texto é mais seu do que meu. Pode publicá-lo sim e é um prazer saber que de alguma forma o texto lhe serviu.
    Gostaria de saber se está em Belo Horizonte e se sim gostaria de entrar em contato com você e se não do mesmo jeito.
    Deus lhe abençoe ricamente e lhe confira saúde e graça para o dia-a-dia.
    Um forte abraço
    Em Cristo
    Pr. Luiz Fernando

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  4. Meu jovem irmão Guilherme,
    essas coisas somente apontam para um afastamento da dependência de Deus. Quanto isso acontece é sinal que Deus não mais importa e sim os interesses pessoais. Uma pena!
    Um forte abraço
    Em Cristo
    Pr. Luiz Fernando

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  5. Isto é apenas uma de trocentas situações dos pastores super poderosos e ungidos de hoje.

    Lamentável!!!

    Em Cristo,
    Pr. Pablo

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  6. Verdade Pr. Pablo. O Senhor da igreja ainda há de se manifestar e purificar sua casa.
    Um abraço
    Em Cristo
    Pr. Luiz Fernando

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  7. Existe um preço para se falar a verdade. Como isto já se tornou por demais comum, inevitavelmente é um dos sinais dos últimos dias. PASTORES AMANTES DE SI MESMO e de sua familia.
    Bom argumento.

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  8. Estimado pastor Luiz Fernando,
    Muito agradecido. Usarei o texto em breve.
    Continuo morando em Belo Horizonte sim.
    Deixo o contato: profecesarmr@yahoo.com.br
    O Senhor continue abençoando também a sua vida e a Igreja que você pastoreia.
    Abraço,
    Cesar

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  9. A paz querido Pr. Luiz fernando, meu nome é Salviano Adão do blog; A única verdade em sua própria bíblia. O motivo do meu contato é porque gostaria de fazer uma parceria em nome de Jesus, já coloquei o banner do querido em meu blog, passa lá depois para dar uma conferida, e gostaria que o senhor também colocasse o meu banner de vocês, mas essa parceria é só se quiser.
    Que Deus abençoe e aguardo o seu contato.

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  10. Fala Deus!!!! Pena que o interesse ouve mais que o coração!!! Triste ter pessoas assim e o pior é que são os líderes, imagina o que acontece com o povo! Ótimo artigo. Abraço!

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  11. Prezado colega Pr. Sílvio,
    estes comportamentos rebaixam a igreja a níveis desprezíveis. Como você disse são pessoas amantes de si mesmas. Uma pena!.
    Um abraço
    Em Cristo
    Pr. Luiz Fernando

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  12. Prezado irmão Salviano,
    acho muito boa sua proposta. Vou colocar seu endereço em meu blog sim.
    Deus o abençoe ricamente.
    Um abraço
    Em Cristo

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  13. Pastor, não sei como você chegou ao meu e-mail. Mas tenho lido seus pareceres de assuntos polêmicos, e me identificado com sua postura moral e real. Parabéns, é um prazer ler suas mensagens/pregação.

    Abraços.

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  14. Prezado irmão Boscati,
    agradeço seu apreço e fico feliz em saber que as postagens lhe são úteis.
    Um forte abraço
    Em Cristo
    Pr. Luiz Fernando

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  15. pr. Roque Luis Almeida17 de dezembro de 2011 às 08:55

    Com suas postagens tão bem abordadas,(fundamentadas) independente se de cunho "polêimico" ou não,leva-nos há saudável reflexão. Na mensagem evangelical Cristo sempre levou seu público ao máximo de raciocínio,(mente funcionando,trabalhando,esforço,análise,enfim o uso da hermenêutica,rs). Hoje eu não sei o que aconteceu, alias, sei rss, mas prefiro deixar para uma próxima oportunidade quando voltarei a comentar no seu blog, meu professor obrigado por belas aulas que tive com sua pessoa no início da década. Me ajudou a pensar e quando fui estudar na faculdade dos jesuítas,aprendir um pouco mais.Estou pastoreando a igreja de Conceição de Ipanema há 5 anos, tenho saudade de BH onde pude estudar um pouco, mas mesmo aqui no interior de Minas, tenho lido alguns bons livros rsss, vou tentar marcar com o senhor para vim aqui amém ? A nossa igreja tem 75 anos, uma benção. Um forte abraço meu amado irmão e pastor. Seu conservo Roque !

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  16. Prezado colega Pr. Roque,
    agradeço sua visita ao blog e seu carinho. Lembro-me com alegria daquelas aulas dadas no curso de pós-graduação em teologia. Sei que o colega tem se esforçado dando seu melhor na obra e espero que assim o faça até o fim.
    Quando o Senhor proporcionar as oportunidades estaremos juntos com muita alegria.
    Um forte abraço
    Em Cristo
    Pr. Luiz Fernando

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  17. Caro pastor,

    Me sinto extremamente feliz por encontrar alguém que comunga da minha mesma opinião.
    Ha obreiros que possuem uma concreta chamada, mas em nome desse vicio que entrou em nossas igrejas, lhes é tolhida a oportunidade com uma clara acepção em benefício de filhos de pastores que nem sequer tem responsabilidade moral, efetiva chamada e que não sabem o que é trabalhar por estarem protegidos. O triste é o sofrimento que muitas igrejas passam em função destes desmandos. É necessário levantarmos uma bandeira contra esse tipo de regime que mancha a Igreja e buscarmos meios de por fim a essa pouca vergonha descarada.

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